Filhos da Sagrada Família - Vocações Manyanet
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Por: A.D.,     13/03/2018 |  12:04:13
Destrui este templo, e em três dias o levantarei

Neste terceiro Domingo da Quaresma nos encontramos em Jerusalém, de onde acompanharemos Jesus no gesto que desencadeou, segundo os estudos mais modernos, os fatos culminados na Semana Santa. Ele, conta-nos o evangelista João, entra no pátio do Templo e, indignado com tudo que observa, ataca os vendedores de animais e os cambistas.

Confecciona um chicote de cordas expulsando com ele os vendedores. Espalha pelo chão as moedas e vira as mesas de câmbio. Dá para imaginar a confusão armada e, com certeza, a retaliação das autoridades em seguida.

Tratava-se aquele de lugar sagrado. Mais do que isto. Era o local mais importante da religião judaica. Um ataque ao Templo, por menor que fosse, configurava-se como profanação tremenda da religião, além de patente agressão aos poderes constituídos. Era, olhando pelo lado dos sacerdotes e fariseus, como que pegar a Torá, o rolo da Lei e simpelsmente rasgar.

Pelo lado de Jesus o que lá Ele via, era também algo que lhe revolvia as entranhas. Era impossível não agir duro frente ao fato presenciado. A Casa do Pai tinha sido transformada em comércio. Fosse algo honesto e justo já estaria errado. Ainda mais se tratando de vil exploração das pessoas, os pequeninos principalmente.

O Templo de Jerusalém era covil de ladrões e o pior é que tudo por lá era feito em nome de Deus. Jesus não admite que seu Pai seja usado daquela maneira infame e se revolta. Acresce que eram os mais pobres, aqueles que mais sofriam com este estado de coisas.

Não importa tanto o fato em si e muito menos a sua extensão. Tenha derrubado Jesus muitas mesas, ou libertado só algumas pombas. O que é importante para nós que, tanto tempo depois, contemplamos o fato é o rico simbolismo que o envolve.

Mas o Evangelho de João quer nos mostrar bem mais. Ele nos fala do Templo enquanto corpo de Jesus. Nessa leitura pós-pascal do evento, vemos Jesus comparar o Templo de pedra, com o seu corpo. Não somente o dele, mas também o de todo ser humano, é morada do Espírito Santo. Por isto o cuidado em não profaná-lo.

Profanar o sagrado do outro, é usá-lo expondo-o à violência e manipulação. Hoje a profanação do Templo de Deus no humano se dá quando: ele é aviltado; recebe salários indignos; sofre preconceitos; tem o corpo explorado; é vítima de violência, lhe é negado o acesso aos meios de saúde; falta-lhe o cuidado da segurança no trabalho...

Mas não fiquemos só na dimensão corporal.Caminhemos um pouco mais à frente. Recordemo-nos de que com a morte de Jesus, o véu deste mesmo Templo se rasga de alto a baixo. Há um simbolismo rico e significativo aí. Ele nos faz ver que com o sacrifício do Santo de Deus, a dimensão do Sagrado se amplia. Não mais é preciso adorar a Deus só no Templo, eis que todo espaço se tornou santificado, sacralizado.

A morada de Deus é muito mais ampla. Ele habita, e por isto torna sagrada, toda a Terra. Somos então convidados a ampliar mais ainda o conceito de Templo. Não o consideremos simplesmente como as construções feitas para a reunião da comunidade, o culto e o recolhimento das orações e nem somente o nosso corpo.

Também a mãe Terra, a nossa Casa, é lugar Sagrado. Neste Templo monumental do Pai habita a Trindade Santa. Por isto descuidar do ambiente, poluir, depredar a natureza é também uma forma de pecado.

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