Filhos da Sagrada Família - Vocações Manyanet
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Por: D.C.,     13/10/2018 |  11:06:42
Reflexão - XXVIII Domingo do Tempo Comum

Aproveitando-se de uma cena bem prosaica, “Jesus sai a caminhar”, o evangelista Marcos nos convida a contemplar algo cheio de significados. Jesus caminha e diante dele estaca, provavelmente esbaforido, alguém que chegou correndo.

Daí que acontece um interessante e ao mesmo tempo frustrante diálogo entre os dois. Em seguida e aproveitando-se do fato, Jesus no seu papel de mestre, continuará ensinando seus discípulos.

O homem corre para Jesus e isto não deixa de ser surpreendente. Viviam-se tempos muito mais tranquilos, em relação às demandas geradoras de correrias vividas hoje, nesse mundo Pós-moderno. Também porque Jesus andava não se configurava como necessária, a vinda em desabalada carreira para se estar com Ele.

O que Marcos quer nos afirmar é que depois de se tomar conhecimento da boa nova de Jesus e das coisas do Reino, a expectativa e a alegria se tornam tão grandes, que não mais é bastante somente o caminhar. Diante de tamanha maravilha o mais lógico é que se corra.

É que um chamado assim tão encantador, traz embutido dentro dele a exigência da prontidão e rapidez. Vale a pena correr, na direção daquele que se faz proposta de vida eterna para a humanidade: Jesus de Nazaré, o Cristo.

O homem, imaginemos ainda ofegante, pergunta de supetão para Jesus, a olhá-lo surpreso: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” Não se tratava de qualquer um que, coincidentemente, cruzasse com Jesus pelos caminhos da Palestina. Não, aquele rapaz conhecia Jesus, já o olhara antes. Sentia com bastante certeza em seu coração, ser Ele o Filho de Deus, o Messias tão esperado.

Chama-o de “bom mestre”, ao que Jesus replicará, mirando-o nos olhos, que somente Deus é bom. Mas tal homem não sossega. Segue em sua profissão de fé e se ajoelha. Os judeus só se ajoelhavam diante de Deus. Pôr-se assim é se colocar em postura de adoração.

Mas aquilo que começou de forma tão bonita logo começa a desandar. O olhar se transforma. É que para o seguimento não é bastante o cumprimento da Lei. É preciso ir além para se tornar, efetivamente, discípulo missionário do Senhor.

Para o seguimento há que se ser livre e a Lei somente não é libertadora. A liberdade pressupõe assumir o Amor como absoluto da vida. E isto significa tratar, a partir daí, todas as coisas como relativas diante dele. E aquele jovem possuía outros amores, diferentes deuses.

Em relação aos bens não se devem fazer análises de valor. Eles em si mesmos não contém um sinal de mais ou de menos. São neutros. O que irá se fazer com eles, a maneira como serão cobiçados, olhados, isto sim, é que irá nos conduzir para a liberdade do crescimento, a nos enviar para o infinito da vida eterna, ou à prisão de nos manter fixados em coisas perecíveis e incapazes de preencher o coração. Tudo é bom, mas nem tudo nos convêm ensina-nos sabiamente São Paulo.

Impressiona a frustração de Jesus com este homem. Certamente que viu nele – de novo o olhar - muitas potencialidades e possivelmente até o tenha imaginado, como um dos grandes líderes do início do cristianismo. É bonito vê-lo se aproximar correndo e triste observá-lo a sair cabisbaixo e lentamente.

Prisioneiro da riqueza fez dela deusa em sua vida. Não conseguiu dar o salto rumo à liberdade, inerente ao seguimento do Senhor. Por isto a constatação de que é difícil que o rico se salve. Não porque Deus o condene, mas porque a atração das riquezas tende a se tornar tão potente que terminará por fazer com que a adoremos. Há que se tomar cuidados...

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