Filhos da Sagrada Família - Vocações Manyanet
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#Memórias  Por: Assessoria de Comunicação,     09/07/2020 |  08:35:13 - Atualizada em:     09/07/2020 |  08:35:13
Uma visita, 40 anos depois. Relatos de dom Pedro Fedalto relembram a visita de São João Paulo II a Curitiba

Neste mês de julho, completam-se 40 anos da primeira visa do então papa João Paulo II ao Brasil. Em 13 dias de viagem apostólica o papa polonês visitou 13 capitais dos estados brasileiros, levando multidões as ruas e parando o país para acompanhar sua visita.

Nos dias 05 e 06 de julho de 1980 foi a vez de Curitiba recebê-lo. Para recordar esse momento histórico, a Arquidiocese de Curitiba publicou uma matéria especial com trechos de relatos de dom Pedro Marchetti Fedalto, de seu livro “Reminiscências: 90 anos de idade – 50 anos de Bispo”. Dom Pedro era então arcebispo de Curitiba e foi anfitrião do papa. Confira:

A notícia
(…) recebi uma carta do Núncio Apostólico, Dom Carmine Roco, para uma reunião dos Arcebispos que iriam receber o Papa. A reunião foi na Casa de Retiros e Encontros no Sumaré, da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Foi lá que os arcebispos receberam a comunicação de que a Santa Sé tinha designado as Arquidioceses que receberiam a visita do Papa. Os participantes apresentaram suas propostas. Por falta de experiência, propus que o Papa chegasse de manhã e saísse à tarde.

Quero aqui contar o que me aconteceu no Sumaré. Inadvertidamente coloquei-me na sacada do quarto, com cadeira, livro da Liturgia das Horas e caderno do Diário. Em dado momento fechei a janela, que não abre por fora. Era meia-noite. Não quis incomodar ninguém. Passei a noite na cadeira oferecendo o sacrifício para o êxito da visita do Papa. As datas da visita estariam sujeitas a mudanças. Propus que a visita a Curitiba fosse a partir de Porto Alegre e não de São Paulo, porque se houvesse atraso, a distância a Salvador seria menor do que de Porto Alegre. A proposta foi aceita. Curitiba começou a preparar-se para a visita. Chegou a notícia de que o Papa queria encontrar-se com seus patrícios, os poloneses, à noite. A visita seria sábado à noite e domingo de manhã. Para a noite, o encontro com os poloneses seria na igreja de Santo Estanislau, paróquia pessoal da etnia polonesa. O pároco, com entusiasmo, tratou de preparar a igreja com vitrais de Santos poloneses e do próprio papa.

Poucos dias antes, Curitiba tinha recebido a visita do Mons. Paul Marcinkus. Quando esteve na igreja de Santo Estanislau achou que o Papa ficaria desiludido, porque comportava pouca gente na entrada e nem duas mil pessoas dentro da igreja. Imediatamente, foi proposto o estádio do Coritiba Foot Ball Club. A diretoria do clube ficou eufórica com a proposta.

Chegada do Papa a Curitiba
No sábado de manhã, 5 de julho, o céu estava nublado. À tarde saiu um sol tênue entre as nuvens. As autoridades eclesiásticas, civis e militares aguardavam a chegada do Papa, todos emocionados. No horário previsto, o Papa João Paulo II estava no aeroporto. Tive o privilégio de ser o primeiro a cumprimentá-lo, beijar-lhe o anel e pedir-lhe a bênção. O Papa, alegre, recebeu os cumprimentos de todas as autoridades. Muitos fiéis de São José dos Pinhais cumprimentavam o Papa. No saguão do aeroporto muitos passageiros saudavam o Papa e ele, comovido, retribuía com sorriso, amabilidade e afabilidade.

Do aeroporto até o estádio do Coritiba, a rua foi toda ornamentada com bandeirinhas e flores nas sacadas enfeitadas e muito povo aplaudindo entusiasmadamente o papa. (…)

Às 18h00 chegou ao estádio Couto Pereira, todo florido, por onde passava o Papa, que era ovacionado pelo povo, sobretudo os poloneses e seus descendentes. Era um verdadeiro delírio. O Papa recebeu o sal e a broa polonesa, beijando-a devotamente. De Tomás Coelho foi trazida uma casa típica dos imigrantes poloneses de cem anos atrás. O Papa entrou nela. Dom Ladislau Biernaski, Bispo Auxiliar e o Padre Benedykt Grzymkowski, Reitor da Comunidade Polonesa no Brasil, saudaram emocionados o Papa, agradecendo sua visita e manifestando todo afeto pela visita a Curitiba. Vieram depois cantos em polonês e danças típicas das regiões da Polônia. O Papa ficou radiante, oferecendo um quadro de Nossa Senhora de Czestokowska e terço aos cantores.

Em seguida, o Papa recolheu-se no Arcebispado, onde se hospedou.

(…)

A missa do Papa
A missa do Papa João Paulo II foi soleníssima, com muitos concelebrantes: o Cardeal Agostinho Casarolli, o Núncio Apostólico Dom Cármine Rocco, Arcebispos, Bispos (todos do Paraná, a maioria de Santa Catarina) de Posadas e Presidencia Saens Peña, da Argentina e de Encarnación, Paraguai. Numerosos sacerdotes, com a participação de um milhão de fiéis, segundo jornalistas. Da Catedral até o Centro Cívico, repleta a Praça Nossa Senhora de Salete, adjacências e toda a Avenida Barão do Cerro Azul. O coral foi maravilhoso com diversos grupos, também com o da Irmã Custódia Cardoso. A homilia do Papa foi muito longa. Por cinco vezes fui dizer-lhe o que a multidão cantava, um dos refrões era: fica conosco Santo Padre. O Papa respondeu: São Pedro escolheu Roma, mas hoje está em Curitiba. As orações dos fiéis foram em dez línguas. No Ofertório, foi muito demorada a entrega de dons ao Papa.

Terminada a missa, o Papa seguiu imediatamente ao aeroporto. Saiu às 13h, quando já devia estar em Salvador. Foi providencial minha intervenção na reunião do Rio de Janeiro, propondo São Paulo- Porto Alegre em lugar de São Paulo-Curitiba e Curitiba a Porto Alegre. Essa mudança para sábado e domingo favoreceu enormemente Curitiba. Se tivesse sido sexta e sábado a visita ficaria prejudicada, pois sexta-feira foi chuvosa.

(…)

 

Fonte: Arquidiocese de Curitiba

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