A Liturgia deste segundo domingo do Advento é um forte apelo à conversão, a partir da pregação de João Baptista, que se apresenta como o grande profeta do Advento.
Já no Antigo Testamento se ouvia a voz do profeta Isaías: “Uma voz grita: preparai no deserto um caminho para o Senhor, aplanai na estepa uma estrada para o nosso Deus.
Todo o vale seja alterado, toda a colina e toda a montanha sejam abaixadas.
O Senhor não pode vir, não pode nascer em nós e entre nós, se não soubermos preparar no nosso íntimo e no mundo, os caminhos que trazem o Senhor e nos levam a Ele.
O grito de Isaías é repetido e transmitido no Evangelho, por João Baptista como “voz que brada no deserto: preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas”. É assim que o Evangelho de São Marcos nos apresenta o precursor que baptiza no deserto a pregar um baptismo de arrependimento para a remissão dos pecados.
João Baptista convida os homens a preparar os caminhos do Senhor mas só depois de ele mesmo se ter preparado, retirando-se para o deserto e vivendo isolado de tudo o que o podia afastar de Deus: “vestia-se com peles de camelo… e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre”.
Como no tempo do Baptista, os homens (e os cristãos) vivem hoje no materialismo, nos prazeres, no formalismo e na hipocrisia e na banalidade. O nosso tempo tem necessidade de profetas como João Baptista que nos acordem e nos façam voltar para Deus, preparando assim a vinda gloriosa do Senhor.
O rumor da festa e a moleza da vida não são ambiente favorável para anunciar nem para escutar o chamamento à penitência. Quem prega, deve fazê-lo mais com a vida do que com as palavras; quem ouve deve fazê-lo em clima de silêncio, de oração e de mortificação. Assim se deve preparar o crente para comemorar a vinda do Senhor, para receber com maior plenitude a graça do Natal.
A conversão pessoal exige também compromisso de trabalho pelo bem dos irmãos e da comunidade. É esta a reflexão que nos oferece a segunda leitura. São Paulo congratula-se com os filipenses pela sua generosa colaboração à pregação do Evangelho e pede para que a sua caridade cresça e se torne mais esclarecida para que sejam “puros e irrepreensíveis, para o dia de Cristo”.
O Advento é também uma boa oportunidade para aprendermos a esperar, a ter paciência, a ter calma… a dar tempo ao tempo. As virtudes sólidas não se adquirem sem esforço, sem fadiga, sem luta; ninguém se faz santo de repetente… O amor de Deus atua lentamente; o tempo é o grande aliado de Deus. Na sua Providência, tudo vai encaminhando com firmeza para o bem dos que O amam. Em Deus não há mudanças. “Mil anos diante de Deus, são como um dia. Jesus na sua mensagem de salvação, diz-nos que o Reino de Deus se pode comparar a um grão de mostarda… que a pouco e pouco se tornará uma árvore.
Não podemos meus irmãos impacientar-nos com o fim do mundo ou com a hora da morte, embora nos mantenhamos vigilantes porque o Senhor virá “como um ladrão”. Mas Ele consola o Seu povo, é mesmo o Seu “Pastor”. O importante é mantermo-nos irrepreensíveis e levar os outros ao bom caminho, porque a vida santa dos cristãos pode apressar a Vinda do Senhor, de criar “Novos céus e nova terra”.