Maria, Mãe da Misericórdia
Celebrar a Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida justamente neste ano jubilar extraordinário da misericórdia, é assumir que Maria é a Mãe da Misericórdia.
Existe uma íntima relação entre Maria, a Mãe de Jesus, o mistério da misericórdiadivina e a prática da misericórdia. Maria foi desde a sua concepção revestida pela misericórdia infinita de Deus Pai, pela Encarnação do Filho e pela presença constante do Espírito de Deus (preservando-a de todo pecado e das ações mal), ao mesmo tempo em que o seu agir foi um abandonar nas mãos da misericórdia do Senhor pela humanidade.
Na Bula de convocatória feita pelo Santo Padre, o Papa Francisco “Misericordiae Vultus”, fala de Maria como a “Mãe da Misericórdia” (n.24). Mas a origem deste termo encontramos no dia 15 de agosto de 1986 na aprovação do formulário da Missa Votiva “Santa Maria, Rainha e Mãe de Misericórdia”, aqui se pode perceber que foi um importante marco para a veneração da mãe de Jesus e também nossa. E no dia 30 de novembro de 1980 São João Paulo II a declarou na sua Encíclica “Dives in misericórdia” que “Maria, é aquela que conhece mais profundamente o mistério da misericórdia divina. Conhece o seu preço e sabe quanto é elevado. Neste sentido chamamos-lhe Mãe da misericórdia, Nossa Senhora da Misericórdia, ou Mãe da divina misericórdia” (n. 9). O próprio Catecismo diz que ao rezar na Ave-Maria: “Rogai por nós, pecadores”, estamos reconhecendo como pobres pecadores e nos dirigimos à “Mãe da misericórdia”, a Toda Santa (cf. n. 2677).
Maria, simplesmente cumpre aquilo que foi e é o amor de Deus pela humanidade, dando a conhecer o verdadeiro rosto deste Pai que deseja nada mais que resgatar todos os seus filhos e filhas, encarnando na sua realidade. Ao falar desta “misericórdia divina” seria, portanto, dizer que Deus está sentindo, nas entranhas, a dor causada pelo pecado da humanidade, o qual atinge a todos nós, suscitando n`Ele, um olhar e uma ação compaixão para com os necessitados, os aflitos e desesperados que suplicam a sua misericórdia (cf Mt 5,1-12).
Deus não fica de braços cruzados, Deus não é cego, Deus não fica estático enquanto o seu povo é escravizado pelo pecado, “Eu vi, eu vi a miséria do meu povo [...] Ouvir seu grito por causa dos seus opressores; pois eu conheço as suas angústias. Por isso desci a fim de libertá-los” (Ex 3,7-8). E quando Jesus começa o seu ministério na sinagoga de Nazaré declara qual á missão que o Pai tinha designado desde sempre: “O Espírito do Senhor é sobre mim, porque ele me consagrou pela unção para evangelizar os pobres. Enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade dos oprimidos e para proclamar o ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19), Jesus está demonstrando de forma extraordinária como Deus está cuidando, está próximo, está perdoando, guiando, salvando a todos os seus filhos no Filho. Jesus assume tudo porque Ele é o rosto da misericórdia do Pai.
Mas esta missão que Jesus leva a termino foi gerada e consumada no seio da Virgem Maria, a própria concepção foi o abraço da misericórdia, era justamente ali, neste ato que Maria recebeu a missão instruir, fazer crescer, alimentar, acompanhar, guiar e ensinar. A escola de Jesus foi no seio da Virgem Maria, onde aprendendeu, exorto a todos vocês conheçamos esta escola, entremos nesta escola onde a Virgem Maria é a formadora, a educadora por excelência. Ela vai nos ajudar a vencer os nossos limites, nos ensinar a amar e a perdoar até mesmo os nossos inimigos, pois Nossa Senhora ensinou Seu Filho, mas também aprendeu de Jesus Cristo o amor, o perdão, a misericórdia, até mesmo para com os inimigos. Sendo assim, mais do que qualquer outra pessoa ela aprendeu a amar e a perdoar até mesmo aqueles que maltrataram, humilharam e mataram Seu Filho Jesus Cristo.
A Virgem Maria é a nossa mãe, aquela que nos ensina, mas também que aprendeu de Jesus. Todo aquele caminho de humilhação, de perseguição, de morte de seu Filho, fizeram de Maria a mulher forte, a qual perseverou em oração, juntamente com os apóstolos e discípulos de Jesus no cenáculo (cf. At 1,14). Ela intercedeu pela Igreja nascente e continua a interceder por nós, principalmente neste dia tão especial para todo o nosso país. Mais ainda, ela nos ajuda nesse caminho de crescimento no amor e na misericórdia, assim como fala o Papa Francisco na sua Mensagem para o dia mundial das missões de 2016: “Santa Maria, ícone sublime da humanidade redimida, modelo missionário para a Igreja, ensine a todos, homens, mulheres e famílias, a gerar e guardar por todo o lado a presença viva e misteriosa do Senhor Ressuscitado, que renova e enche de jubilosa misericórdia as relações entre as pessoas, as culturas e os povos”.
Ao celebrarmos esta solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, somos chamados adentrar na “Escola de Nazaré” como nos orienta São José Manyanet o nosso Fundador, é o nosso testamento espiritual que hoje constitui para todos nós, Filhos da Sagrada Família, um processo de perfeição cristã e religiosa, como é bom saber que a nossa alma deseja crescer em santidade. Pois aqui está o caminho, Nazaré, a nossa casa, o nosso lar. Jesus Maria e José estão nos esperando para nos ensinar “a sermos misericordiosos assim o como o Pai é misericordioso” (cf. Lc 6,36).
Oh Maria, eu te amo!