Dar o primeiro passo, curar as feridas, reconciliar: a recente visita do Papa Francisco à Colômbia também teve por objetivo fortalecer e incentivar a consolidação do processo de paz que põe fim há decênios de conflito: "Escravos da paz para sempre", foram suas palavras finais aos despedir-se dos colombianos na Missa celebrada em Cartagena.
E a presença de Francisco em terras colombianas foi marcada cada dia por uma temática diferente. No domingo, em Cartagena, última etapa da viagem, o tema foi "Dignidade da pessoa e direitos humanos".
Presente em Roma por estes dia o Padre Zezinho, sacerdote do Sagrado Coração muito conhecido no Brasil. Em entrevista a Silvonei José, o sacerdote falou de paz, falou de diálogo, e comentou a temática do terceiro dia de Francisco na Colômbia, relacionando-a às propostas do Concílio Vaticano II, que segundo ele, na verdade mal começaram a ser implementas:
"Esta palavra (dignidade da pessoa humana e direitos humanos) está vindo desde o Papa Pio XII, está vindo de João XXIII, veio muito claramente com Paulo VI - eu lia muito nesta linha - e foi a cada dia melhorando o conceito de paz e construção da paz. E tudo o que veio até agora com o Papa, é consequência do antes do Vaticano e da continuação do Vaticano.
Se a Igreja parar de pensar no Vaticano II, ela vai parar de ser Igreja. Não pode deixar isto no passado. O Vaticano II nem começou de verdade. Um pouquinho. Mas as pessoas já deixaram de ler. E a riqueza que tem ali dentro é para pessoas cultas. Quem não leu o Vaticano não será capaz de entender a cultura da Igreja.
Como os antigos Padres da Igreja, como os grandes teólogos no século XX e agora no século XXI, ignorar o Vaticano II é falar no vazio. Não acabou não. Agora é que nós estamos começando a entender o que é o diálogo, porque é que foi criado o Vaticano II.
Aí tem gente que acha não precisa mais. Bom, então não deve ter lido! Pois se tivessem lido eles iriam entender que nós não conseguimos implementar nem 10% do Vaticano II e já querem criar outro. Melhor praticar o outro primeiro."
O Concílio Vaticano II - o XXI Concílio Ecumênico da Igreja Católica - foi convocado no dia 25 de Dezembro de 1961 com a Bula papal "Humanae salutis", do Papa João XXIII, sendo por ele mesmo inaugurado no dia 11 de outubro de 1962. Realizado em 4 sessões, o Concílio terminou somente no dia 8 de dezembro de 1965, já sob o papado de Paulo VI.
Nestas quatro sessões, mais de 2 000 Prelados convocados de todo o planeta discutiram e regulamentaram vários temas da Igreja Católica. As suas decisões estão expressas nas 4 constituições, 9 decretos e 3 declarações elaboradas e aprovadas pelo Concílio. Apesar da sua boa intenção em tentar atualizar a Igreja, os resultados deste Concílio, para alguns estudiosos, ainda não foram totalmente entendidos nos dias de hoje, enfrentando por isso vários problemas que perduram.
Entrevista concedida por Pe. Zezinho ao programa Espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II da Rádio Vaticano