Filhos da Sagrada Família - Vocações Manyanet
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Por: A.D.,     21/03/2018 |  09:34:32
Domingo de Ramos

Jesus envia dois dos seus discípulos para trazer-lhe um burrinho e é interessante notar, que não explica os motivos. Podemos imaginar a cabeça deles, tentando decifrar os porquês daquela missão. O que quererá o Senhor fazer com este animal? É o que deviam ir se perguntando. Assim também acontece conosco. Não entendemos o sentido do que Jesus nos solicita e intrigados, ou pensando haver algum erro (como se Deus pudesse se enganar), permanecemos quietos e acomodados.

Agimos diferente dos seus apóstolos, que cumprem o serviço e só depois é que irão conhecer o que Jesus queria com aquilo. De vez em quando é necessário algo como uma subida à montanha – um retiro, por exemplo - para que se possa ter uma vista, mais ampla, das passadas do Senhor pela nossa vida.

Nessas revisões poderemos nos surpreender ao descobrir que muito daquilo que não parecia ter sentido e mesmo era causador de angústia e tristeza, agora não mais aborrece, eis que já possui pleno significado. Em Deus tudo faz sentido. De todas as coisas Ele retira o bem. Mesmo que a limitação humana impeça de perceber este mistério, cabe-nos crer que Ele é sempre mais e faz novas todas as coisas.

A pregação do Reino, ao invés de entusiasmar a todos, animando-os para o trabalho de construção do projeto de Deus na Terra, gera inimigos importantes. Jesus arrasta o povo, mas as autoridades se sentem incomodadas e pretendem eliminá-lo.

O anúncio da Boa Nova prevê mudanças na forma de ver o mundo e principalmente de vivê-lo. Acomodados ao poder ponderam que é melhor calar esta voz tão incômoda e que encanta as pessoas simples.

O rei naqueles tempos, quando ia assumir o poder sobre um lugar, organizava uma parada adentrando nele montado no mais belo cavalo das suas cocheiras. Atrás deles marchavam seus exércitos armados para intimidar o povo, mostrando quem é que mandava ali. Jesus segue o mesmo esquema simbólico, mas como é um rei diferente, eis que “seu poder não é deste mundo”, entra na capital montado num burrinho. Seu exército não possui armas que matam, mas que acolhem. A arma de Jesus que tanto assustava os poderosos era a sua Palavra.

O Evangelho ainda causa conflitos e surpreende hoje em dia. Por isto se procura, de várias maneiras, moldá-lo, ou dizendo de outra forma, amansá-lo domesticando-o aos nossos desejos e comodidades. Apesar disto ele continua livre, eis que é fruto do Espírito de Deus e este sopra com imensa liberdade aonde quer. Além dessas acomodações é fácil ver o mau uso da Palavra, justificando situações que Jesus, por tudo que podemos sentir da sua vida, não referendaria jamais.

A vida não se separa entre as coisas boas e bonitas de uma parte e as dores e sofrimentos de outra. Mesmo que só consigamos reparar em um desses lados, ela acontece misturada. E é assim que Jesus entra em Jerusalém. No seu burrinho Ele é recebido com vivas pelo povão.

A mesma gente que daí a pouco tempo estará gritando para crucificá-lo e soltar Barrabás. Simbolismos de vida e morte se misturam na entrada de Jesus em Jerusalém, como também nas vidas de cada um dos seus seguidores.

Importa que conhecemos o final da história. Mesmo que em alguns momentos (e eles, não nos enganemos, irão acontecer) a morte pareça ter vencido, esta vitória é de mentira. Ela não se sustenta. A vida tem a Palavra final e esta, veremos no próximo domingo, é a exaltação do Filho Fiel e Justo pelo Pai. Jesus, já o sabemos, irá ressuscitar.

No Domingo de Ramos nos colocamos em procissão. Nas palmas que balançamos cantando e louvando o nosso Senhor, coloquemos tudo aquilo que fizemos neste tempo quaresmal, para nos colocarmos mais próximos dele, buscando segui-lo mais de perto, sendo mais coerentes, verdadeiros discípulos.  

Peçamos a coragem de estar com Ele não somente nos momentos de alegria e louvor, mas também naqueles carregados de dúvidas, dor, sofrimento e morte, que Ele viverá nos próximos dias e que já, antecipadamente, contemplamos nesta Liturgia.

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