Filhos da Sagrada Família - Vocações Manyanet
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Por: Padre Lucimar de Assis Mendes, sf,     13/08/2020 |  21:02:02
Viver o Cristo encarnado

Falar sobre viver o Cristo encarnado parece algo de difícil compreensão, mas para quem conhece e vive a espiritualidade da Sagrada Família de Nazaré e tem como modelo esta família, perceberá que viver este Cristo encarnado não está longe do nosso entorno familiar, simplesmente requer um exercício de humildade para acolher com fé “a Palavra que se faz carne e habita entre nós” (cf. Jo 1,14), esta “carne”, quer dizer, a humanidade em sua condição de fraqueza e de mortalidade, isso é, Jesus sendo o “Verbo encarnado” se reviste de nossa humanidade assumindo todas as suas fraquezas, inclusive a morte (cf. Bíblia de Jerusalém).

Para nós os Filhos da Sagrada Família, Jesus, Maria e José, viver é Cristo encarnado no seio de uma família, quando olhamos para trás e percebemos o quanto somos agraciados pelas grandes demonstrações do amor de Deus para conosco. Nada nos faz ser mais felizes e ao mesmo tempo mais corajosos em poder doar a nossa vida no anúncio do Evangelho de Nazaré.

Ao perceber que o próprio “Verbo” que se encarnou estava sujeito as debilidades próprias da condição humana, assim também aquele que vive ou deseja viver como Cristo nesta Família, seja consciente que também está chamado a deixar que Cristo se encarne na sua vida, a ponto de afirmar como Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20).

Viver o Cristo encarnado é viver o “Evangelho de Nazaré”. Esta é uma grande chave de leitura para compreender o mistério de Jesus ao longo dos trinta anos que permaneceu em Nazaré, porque ao viver tanto tempo numa aldeia, que na época nem mesmo estava nas rotas dos romanos, como cidade importante. Hoje, todos têm esta facilidade de se deixar guiar espiritualmente para esta cidadezinha e em especial a esta família que tem muito a nos ensinar.

Como já dizia um grande bispo: “O fato é que Jesus passou trinta anos da sua vida em Nazaré da Galileia. Jesus pregou por três anos, passou trinta anos em silêncio numa cidade que nem no mapa estava. Era uma localidade de mais ou menos 150 pessoas, uma vila. Jesus viveu 30 anos uma vida humilde, com certeza ajudando o pai no ofício de faz tudo (este era o ofício de carpinteiro)” - Dom Henrique Soares da Costa. O mesmo Dom Henrique cita um poema de Carlos Dromont de Andrade sobre uma “Cidadezinha qualquer”, fazendo referência a Nazaré e foi nesta cidade qualquer, pacata, pequena e simples que o Verbo se encarnou.

Quando o santo padre, o Papa Paulo VI, foi a Nazaré disse: “Nazaré é a escola do Evangelho” [...] onde se “aprende a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o significado tão profundo e tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela do Filho de Deus [...] se aprende o método que nos permitirá compreender quem é o Cristo” (05 de janeiro de 1964).

Jesus é centro da nossa vida consagrada e comunitária, Nazaré é para nós não só um lugar ou um território, é um sentimento de pertença e de família, que com o tempo se concretiza e cria-se raízes mais profundas. Esta profundidade nazarena é que almejamos e lançamos como desafio aos jovens que desejam fazer uma experiência conosco, tal como Jesus fez com os discípulos: “Lançai as vossas redes para a pesca [...], mas, porque mandas, lançarei as redes” (Lc 5,4b.5c). É preciso dar atenção à Palavra do Jesus, pois Ele quer que lancemos nossas redes em águas mais profundas a começar por esse mar que é o nosso coração, porque somente assim estaremos enraizados num profundo sentimento de pertença.

Quando Nazaré estiver em primeiro lugar na vida dos consagrados e das famílias, as orações, os encontros, as celebrações... tudo terá sentido de ser. Viver o Cristo encarnado na família, é um exercício de fé cotidiana para perceber a Palavra que vem fazer morada em nós.

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