O encontro fraterno entre os padres é sempre motivo de celebração e assim foram os cinco dias em que os padres da Delegação Brasileira estiveram reunidos para os exercícios espirituais quaresmais. Foram dias de convivência e de partilha, conduzidos por Frei Robson, dos frades agostinianos.
O encontro aconteceu nos dias 19 a 23 de fevereiro, na Casa de Retiros das Irmãs da Divina Providência, em Curitiba – PR e contou também com a presença do Superior Geral da Congregação, Padre Jesús Diaz, que estava em visita canônica nas comunidades de Juiz de Fora – MG, Cambé e Curitiba – PR.
Padre Lucimar, SF preparou um relato rico em detalhes e impressões sobre o encontro, que você pode conferir a seguir:
Os temas dirigidos pelo Frei Robson ao longo destes dias foram bem pastorais, levando a todos a ter uma atitude de seriedade na evangelização e no testemunho como pastores do povo de Deus. No primeiro momento o pregador exortou a todos entrar na sua própria história, e pensar que todos foram evangelizados por alguém, portanto, hoje somos aqueles que devem fazer a diferença na vida das pessoas, assim como fizeram a diferença na nossa.
Fazer a diferença no mundo, eis o desafio para todos, isso só poderá se cumprir quando se aproxima de Deus para se conscientizar das seduções que próprio mundo traz consigo, quando se busca os prestígios, aplausos, as honras e reconhecimentos do mundo, se fica cada vez mais indefeso, deixando-se levar e caindo assim nas suas propostas.
Mas dentro deste mundo criado por Deus, somos chamados, formados e enviados a proclamar a Boa Nova, tendo sempre os olhos no Senhor que soube vencer as insidias do maligno. A Igreja tem uma missão, oferecer Cristo ao mundo sem perder a sua identidade, oferecendo a todos uma mensagem autêntica e verdadeira, sem ficar presos a uma realidade ou ideologias que olha simplesmente para o ser humano, deixando de lado aquele que é o sentido e o motor de toda realidade, Deus. Tal como expressa o Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: “a missão é uma paixão por Jesus, e simultaneamente, uma paixão por seu povo” (EG 268). De acordo com esta frase, se a paixão começar pelo povo, não existe missão. Porque a missão começa justamente a partir do momento que se tem um encontro com Cristo, porque o que se anuncia é a esta experiencia profunda, portanto, a igreja evangeliza pelo que ela aprende do Senhor e pela inspiração do Espírito Santo.
O segundo momento, foi focado justamente no “Bom Pastor”, ou seja, como pastores do povo de Deus, sejamos misericordiosos, pois, não se deve confundir a pessoa com o pecado da pessoa. Porque a tarefa e missão da igreja é levar esperança, para assim cuidar desta grande família que é o rebanho de Deus.
Aqui está o grande desafio, diante das diferentes crises que esta grande família esteja passando, requer uma maior aproximação destas ovelhas e assim curar estas feridas tão visíveis que acabam por destruir o rebanho. No Documento de Aparecida de 2007 vem para aclarar um pouco esta dimensão: “a vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros. Isso é, definitivamente, a missão” (DAp 360). Como pastores, uma grande oportunidade de aproximar do rebanho, e curar as suas feridas é na pregação da Palavra: “O pregador tem a belíssima e difícil missão de unir os corações que se amam: o do Senhor e os do seu povo. O diálogo entre Deus e o seu povo reforça ainda mais a aliança entre ambos e estreita o vínculo da caridade. Durante o tempo da homilia, os corações dos crentes fazem silêncio e deixam-no falar a Ele. O Senhor e o seu povo falam-se de mil e uma maneiras diretamente, sem intermediários, mas, na homilia, querem que alguém sirva de instrumento e exprima os sentimentos, de modo que, depois, cada um possa escolher como continuar a sua conversa. A palavra é, essencialmente, mediadora e necessita não só dos dois dialogantes, mas também de um pregador que a represente como tal, convencido de que não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor, e nos consideramos vossos servos, por amor de Jesus (2 Cor 4, 5)” (EG 143).
O terceiro momento, foi conduzido de tal forma afim de nos tirar do comodismo, ou seja, de viver uma missão não somente Ad intra, mas uma missão Ad extra. Ela ocupa o lugar importante na vida eclesial e social porque tudo é feito em vista da missão. A Igreja é missionária por ordem de Jesus no dom do Espírito Santo que disse de ir pelo mundo inteiro e evangelizar a todas as criaturas (Mc 16,15). Será fundamental superar uma visão de que a comunhão refere-se somente ao domínio da comunidade ad intra e a missão representa o movimento para fora, ad extra. As duas dimensões estão ligadas porque a comunhão é feita na comunidade juntamente com a missão na vida comunitária.
Aqui está o olhar de águia que o pastor deve ter ao longo da sua missão, olhar não somente aqueles que estão ao seu redor, mas conhecer as situações de vulnerabilidades do entorno, para assim corresponder ao envio de Jesus, a todas as criaturas.
A juventude, é um ponto importante para se preocupar e acompanhar, para dar a conhecer o verdadeiro Deus que se aproxima para acolher, entender, ensinar e caminhar. Verbos que sempre poderão encontrar os seus desafios, mas não deixam de ser eficazes quando somos uma proposta e não uma imposição. Ou seja, depende de cada pastor ir criando no seu rebanho esta sintonia e empatia, não simplesmente para governar, educar e santificar, mas sobretudo ser a pessoa do próprio Cristo.
A semente foi lançada ao longo destes dias, e que germinará com o tempo nas diferentes realidades em que nos movemos. Crescer e frutificar dependerá do compromisso de cada um.
