Em plena preparação para celebrar o Jubileu 2025, dos 60 anos do Concilio Vaticano II, dentre os vários cadernos da coleção para esta preparação o número 21, fala justamente sobre a vida consagrada. Citando o texto de Santa Teresa Benedita da Cruz, percebe-se para onde se encaminha a reflexão: “O teu Salvador está diante de ti com o coração traspassado, Ele derramou o seu sangue para conquistar o teu coração”. Como não ficar fascinado pelo amor daquele que tudo faz para conseguir que os seus filhos alcancem à santidade de vida?

Ao longo do mês de agosto a igreja nos convida a meditar sobre a vocação em todos os seus estados de vida, no terceiro domingo do mês a Igreja recorda e reza pela vida consagrada, um dom de Deus para a igreja nas suas mais variadas vertentes e necessidades.

A vida consagrada, é uma chama que brilha nas periferias existências da vida do povo de Deus, chamados a ser porta-voz deste Deus que escuta, olha e atende ao clamor, ao sofrimento e às necessidades de seu povo (cfr Ex 3,7-9).

Oportunidade que a igreja nos oferece neste mês para testemunhar com alegria que vale a pena ser um sinal de esperança para tantos homens e mulheres que ainda vivem sem sentido pela vida. A missão das comunidades locais é grande, principalmente em assumir o compromisso de animadoras vocacionais.

Hoje todos são convocados para despertar os jovens a se preguntarem: E por que não? A opção pela vida consagrada requer entrega e docilidade ao Espírito Santo, para se deixar conduzir pura e simplesmente por Aquele que nos amou primeiro (cfr 1Jo 4,10.19).

Ao longo da história muitos homens e mulheres se deixaram moldar pelo Espírito de Deus para assim responder aos signos dos tempos que lhes tocava viver, assim surgiram na igreja os mais variados carismas. “Na perspectiva cristã, porém, o carisma é mais que uma qualidade pessoal, que uma predisposição de que se pode ser dotado: o carisma é uma graça, um dom concedido por Deus Pai, através da ação do Espírito Santo. E é um dom que é dado a alguém não porque seja melhor que os outros ou porque o tenha merecido: é um presente que Deus lhe dá, para que com a mesma gratuidade e o mesmo amor possa transmiti-lo a serviço de toda a comunidade, para o bem de todos.

Falando de modo um pouco mais humano, diz assim: ‘Deus dá esta qualidade, este carisma a esta pessoa, mas não para si, mas para que esteja a serviço de toda a comunidade’”. (Catequese do Papa Francisco na Praça de São Pedro, 01 de outubro de 2014)

Os carismas como dons para a Igreja, inspirados pelo Espírito Santo, é uma realidade visível das diferentes congregações, institutos, comunidades. No caso dos Filhos da Sagrada Família, fundado por são José Manyanet, temos o carisma voltado para educação e as famílias. Um carisma sempre atual e emergente, que requer de todos os religiosos uma atenção especial, principalmente na pastoral de acompanhamento familiar, noivos, namorados e jovens. A missão sempre será uma resposta ao dom fundacional, sem descuidar do mover do Espírito de Deus, aquele quem faz a obra mover e produzir os frutos com o tempo. Os religiosos somos apenas instrumentos deste mover do Espírito, e que seja um mover verdadeiro.

A vida consagrada hoje é chamada a servir: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida como resgate por muitos” (Mt 20,28), o servir é a grande explosão carismática da vida consagrada, um servir que traz o amor de Deus presente e atuante aonde e como for, porque o mover do Espírito faz com que os consagrados sejam como pluma levada pelo vento.

Este mover do Espírito é também um testemunho atual do amor de Deus pela humanidade, assim podemos caracterizar em três pontos: o consagrado é o atuar de Jesus no mundo, são Paulo aos Gálatas deixa claro este pensamento: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20a); o consagrado é a ‘Alegria do Evangelho’, tal como o santo padre, o Papa Francisco expressa na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 1: “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”, aquele que tem um encontro pessoal com Cristo deixa tudo, porque encontrou o tesouro mais importante e valioso. O Consagrado é aquele que encontrou este tesouro, por isso deve se configurar a Ele ao longo da vida; o consagrado também é uma vela que queima, que gasta com o passar do tempo. Se gastar é porque está servindo, se serve é porque já tomou posse da graça.

O desafio da vida consagrada hoje é grande, mas o maior desafio é justamente manter um encontro sincero e verdadeiro com Jesus, porque será este encontro que nos fará diferente.